quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Desenhar é Explicar uma Idéia

Pinacoteca do Estado de São Paulo - Praça da Luz - SP (23/10/2009)

Quando me propus a elaborar, na medida do possível, algumas postagens para o meu blog (cerca de 5 meses atrás), achei que seria interessante indicar uma imagem que fosse relacionada ao tema discutido no texto. Não conhecia a fundo nenhum pintor, porém me recordei de um outro dia, em que, ouvindo a música Belfast de Katie Melua, me atentei ao artista que ela citava em sua letra e fiz uma leve pesquisa sobre ele.
Aderi de prontidão à suas obras (como uma espécie de amor a primeira vista) e por mais que elas nem sempre retratavam os pensamentos que eu descrevia em meus textos, seu refinamento e simplicidade sempre aprimorava a estética do site.
O mais interessante foi mesmo conhecer melhor o autor aproveitando o período de exposição de algumas de suas obras, onde pude perceber que seus princípios realmente combinavam com meu feitio (não foi somente uma paixão avassaladora) e seus grandiosos estudos buscando tirar do simples o máximo, dar cores vivas as pinturas (por mais que seja tachado de fauve) dar outra perspectiva aos objetos e ainda dar um tom musical a suas obras, me envolveram em um razoável entendimento.
Quem quiser conferir ainda dá tempo, estarão por aqui, no Brasil, até o dia 02/11/2009.
Aproveitem, vale muito a pena. Mais informações sobre a exposição em Site da Pincacoteca
e mais informações sobre Matisse em Google =P

Dias 30 e 31 de outubro; 1 e 2 (Feriado) de novembro a Pinacoteca estará aberta até as 20hrs, para a despedida das exposições de Matisse e do Cubismo.



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Troca de Olhares

Odalisque 1923 - Matisse

Sim, deve ter sido o jeito de olhar, o jeito de arrumar os cabelos, que me tomou aquele instante. Não foram as palavras mudas, nem o franzir de orelhas, alinhadas, ouvindo o que se passa.
Séria, só cortejava ensejos, sorrindo como se quisesse um beijo.
Molhava suave seus lábios, movimentando seu discurso e me dividindo pelo meio.
Ajeitava o pescoço tocando seu rosto, no apalpar de sons, me instigava uma sinfonia, ficava assim, regendo notas... nem sequer perdia a melodia.
Mas não é sobre isso que falo, é sobre o timbre de voz, o cheiro aprazível e a lembrança tênue. Foram tantas...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eu e a Cidade

Thermas Antônio Carlos - Poços de Caldas - MG (22/11/2007)

Vejo a cidade que surge por entre as montanhas, uma ponte cresceu, uma árvore caiu e os carros continuam indo. Caminho em suas ruas, observo mentes poluídas que circulam por entre os faróis. Há pessoas andando em linha reta, seus valores estão jogados pelo chão. Eu, ao contrário, joguei os meus no lixo, para que ninguém os visse. Onde estão meus amigos? Quão distantes estão? Sobre o que falaremos?
Agora estou olhando pra mim, quem me vê é a tristeza. Devo estar sujo também, já que não encontro a beleza. Só as músicas continuam belas, estão ricas em harmonia. Mas não são as mesmas, não sou o mesmo. Sobre o que falarei?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Galáxia Internet

Observatório - São Carlos - SP

Tinha em mente a distância e o sentimento que sufoca quando fez prover aos dedos a noção de uma palavra. E a palavra se fez sinais, luz e depois sinais.
Em meio tempo era outro espaço, outro corpo, mas o sentimento era idêntico e os sinais tornaram-se a palavra.
Eis que então riam pra ela e caçoavam a linguagem, indagando: Que símbolo és tu dentro do meu peito? Hei de existir somente a dois.
E baldados por emoções intransitivas ao meio, enfrentavam o superar-se. Suspirando euforias num findar de anseios.
Não cultivavam verdades, evitando os perigos em palavras restritas, mas exaltavam as singelas sensações em momentos de carícias.
Determinante era a esperança ao resplandecer dos olhos, que sussurrando sonhos brilhavam. Conectados em coragem.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Usurpadora de Emoções

Apresentação Grupo Mawaca - Virada Cultural, Araraquara - SP (17/05/2009)

Ela tem promessa mútua com os deveres e o tempo. Explora seus talentos volúveis e em troca são impelidos cada desejo. Ele é um dançarino girando a poesia em seus braços. Recolhe bem cedo os suspiros e dorme sonhando com os fatos.
Ela, borbulhando em devaneios se vê encantada. Usurpa as emoções achando que são suas e agarrada em seu peito acredita que são seus. Ele cede, exalta cada sentimento, inclusive os jogados no chão.
Vazia, volta pra casa com bem menos do que foi. Se enche de utopias e de mais promessas pensando como é simples se recompor.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Amores de Inverno

Sobre o céu do Paraná (11/09/09)

Amores de verão são desses que vêm e vão e quando em vão, não deixam nada. Passam assim de rasteira, como noites de bebedeira, repletos de "talvez" e "não". Inundam de palavras o instante, quem dera fôsseis penetrantes, mas rasas só afundam o silêncio. Amores assim, são cheios de puerícia, não instigam se quer uma carícia e sob evasão, cede seu prestar-se.
E as almas coitadas, saem todas desgastadas. Por não falarem de sonhos já nem brilham. Repudiam as cores da tarde e as estrelas que caem.
Quero mesmo é um amor de inverno, quentinho, leve e terno, embaixo do cobertor. Que sorrindo, cochila em meus braços e sua nuca envolvida num laço, aos beijos é favorável. Com esse serei cuidadoso, romântico e também carinhoso, ao sondar de cada suspiro. E conversando no vão sem tempo, sonolento mas ainda atento, adormeço, pois estais comigo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sentimento Sem Nome

Balancement - Kandinsky

E quando surge este sentimento sem nome? Que aproveitando do meu vir a ser, se esgueira por detrás da tarde e toca a estrutura feita de cada parte desse seu jeito. Anônimo, se encosta no meu peito e susurra pensamentos incômodos. Nem a solidão, que é plena, consegue distinguí-lo. Clama uma mão estendida e pede auxílio às carícias.

Já o chamei de saudade
medo e até mesmo solidão
porém, não me deu atenção
e despresou o que mediquei.

Agora, vou lhe observando de lado
no escuro, um pouco afastado
conversando com os demais
e me informando sobre sua sina.

Então, lhe atacarei veemente
num dia claro
lhe olhando de frente
mas sei, retornarás ainda.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Arte de Conversar

Cachoeira das Almas, Floresta da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ (19/07/09)

Cada pensamento é um símbolo e cada símbolo é um som, uma flecha ou uma carícia. Quando vacilam no espaço multiplicam anseios e quando sopram, galgadando montanhas, esculpem pedras maltratadas, polindo nelas parcas formas de esperança.
Fogosas ao céu da boca as palavras iluminam dez enganos, um motivo pelo qual acende vontades com potência. Mas nem tudo deve ser dito, quem contempla o som deve estar preparado, pois ora entende os segredos, ora o lugar não tem o tempo certo. Prudente, guardarás na ponta da língua cada desejo, e então os encaixarás como desígnos no espaço.
Ao declarar seus pensamentos o ser transfigurado sorri, balbuciando persuasivos gestos simples. Sem mais nem menos se seduz em proporções. Não faz nenhum esforço.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Me Confundo com o Vento

Nascer do Sol - São Francisco do Sul - SC (05/01/09 - by Jo)

Chamei de medo aquele muito pensar, ou aquele aceitar faz de contas que em meio ao tudo gira faz parar. Calei o silêncio eloqüente cantando para o sol enquanto acariciava cada fio iluminado. Quis ser como o vento encantando o topo das árvores e afagando suave o rosto da menina. Mas fui como a música, despida de receios, esperando o fustigar ao ser tocada. Era eu quem embalava os corpos sedentos, fartando o violão ao dedilhar daquelas notas e saciando a sede de um molhado beijo tácito.

Não falei de fraquesas, porém quão grande a surpresa
ao perceber segurança no olhar.
Cativante era a singeleza que por não falar de tristeza
abriu no instante um sorriso.
Lembrei do paraíso, que do instante faz seu piso
e das sensações o eternizar
.
Quis ficar mais um pouco, me deixando ainda mais louco,
mas o retornar era preciso.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

As Ondas e o Castelo

Praia de Copacabana - Rio de Janeiro, RJ (18/07/09)

Arrojei obesas lembranças, mas coloquei em ordem a descrição do que senti. Preferi, e foi mais fácil, falar de outrem, não sendo capaz de falar de mim. Invejei as crianças e seus castelos, pois não têm medo das ondas que estão por vir. Não se preocupam com a labuta em dias de sol mas se ocupam, entorpecendo-se de fantasias. E se no fim da tarde as ondas não virem, põem à baixo o que será a conquista de um novo dia. É sutil a segurança em um mar desconhecido. É assim como o balanço de cegos desejos ou a correnteza te levando comigo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sondando os Dons

Centro Cultural e Educacional Kaffehuset Frielle - Rod. Poços de Caldas - Palmeiral Km 12 (24/07/09)

Que cores são aquelas detrás dos bambus? Será um pote de ouro no fim do arco-íris? Mas olha, tem anjos brincando também! São eles quem pintam as cores. Mas nem todos fazem isso, outros cantam e fazem sons, cada qual sondando seu dom. Não usam as asas mas eles correm, e como eles correm! espalham sorrisos e pisam descalços o chão.
Alguém está contando uma história e não é só as palavras do livro que ela lê, ela percorre cada olhar e no brilho de cada um ela se vê. Declamou um bocado de sonhos, fez de cada pausa um eterno acalento. Sorriu ao terminar seu prestar-se. Não reclamou nada por isso.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Olhar sincero

Duke - Pouso Alegre - MG (21/07/09)

Recolho fulgores de olhares desatentos. Aqueles do primeiro encontro, que livres de qualquer conceito não se apegam às incertezas. Assumem como teto a mágica do acaso e faz das transformações da vida seu princípio. Alguns têm brilhos tão intensos que sou capaz de me enxergar e tão próximos à mim os trato com cautela. Já outros são inseguros, pois não prendem os meus.
Discrimino os fulgores que oscilam. Não sabendo o que querem, deixam como obrigação dos outros a arte de compreendê-los. Acham que tudo é certo até mudarem de opinião.
Percebendo-os, um a um, onde está o mais vivo? aquele que se assemelha à uma chama? (desenhado assim, semelhante ao Amor de Vinicius).

Quem dera eternizar esse brilho e não mais se preocupar. Resplendecê-lo em momentos confusos.

Aguardando as Palavras

Abscissa poética (Poesias de Drummond declamadas) - Praça Pedro Sanches, Poços de Caldas - MG (24/07/09)

Já me perguntaram, e já me questionei, se eu escolhi e estou no "caminho certo" de minha carreira. Dizem que Computação não tem muito haver comigo e que meus olhos brilham quando falo de Filosofia. Que tenho facilidade com as palavras e que já é hora de eu escrever um livro. Conhecendo meus limites, sei que tenho muito o que aprender neste mundo das letras e que não é tão simples assim escrever um texto claro. Tudo bem que meu contato com esses novos conhecimentos tenha se intensificado nesse último ano e que o simples prazer já é motivação de aperfeiçoamento, mas ainda penso que usufruo dessa habilidade como forma de equilíbrio.
Como não tendo TV, tenho que me ocupar com outras coisas (não pense que é fazendo filhos) e já que fico muito envolvido nesse raciocínio mais 'exato' (e incerto), busco alternativas de fuga. Uma dessas alternativas são as letras. Não às uso só na escrita, por que é mais gostoso ler do que escrever e aprimorando este aspecto me vem a faculdade de sentir, pois pra mim não é preciso apenas saber organizar as palavras, mas sim ter sensibilidade pra lê-las.
Uso a razão como forma de me propiciar prazer. É ela quem sistematiza, planeja, gerencia e analisa mas é só pelas sensações que vivo.

Veio a noite, a lua e as estrelas
E eu, aguardando as palavras
Idéias eram sem fim,
mas as sensações eram rasas

Saí e olhei pro céu
E encontrei a mais brilhante
Li que era Eu
E senti o carinho das restantes

Foi então que as palavras chegaram...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Teatro dos Valores Distorcidos

Lagoa Rodrigo de Freitas - Rio de Janeiro - RJ (17/07/09)

Não tenho TV. Deixei de lado aquelas sombras cujos reflexos são meras fantasias. Divagam a realidade que existe fora da caverna.
Meu olhar desconsidera esse teatro de valores distorcidos. Munidos de palavras confusas e emoções vazias querem fazer do dia-a-dia um roteiro de sensações, me afastando das coisas simples e da poesia. Me prende ao que não é o bastante, eleva minhas frustrações e rouba o diálogo dos olhos sobre a mesa. Não escuta o choro pueril adormecido mesmo ao reivindicar do silêncio sob o tocar dos lábios. É mais envolvente que o frio cálido ao cair da noite, lhe toma a atenção e lhe tira o instante.
Parei de assistir e comecei a dançar, a ouvir e a cheirar. Principiei ao gosto da natureza,
ao coro do vento nas árvores e as cores do bater de asas das borboletas. Respirei fundo e bebi as pedras, não contente toquei a água.
Vendo a vida, pude encontrar sem receio outros olhares, outras conversas e outros pensamentos. Tenho e-mail e discuto gerenciamento de projetos, só assim me levam a sério.

domingo, 2 de agosto de 2009

Solidão e Amor

Espetáculo "A Dança" - Teatro da Urca, Poços de Caldas - MG (25/07/2009)

Hoje falo da solidão e de sua plenitude. De seus peculiares momentos e sensações. Dos prazeres e desprazeres que somente ela oferece. Duas pessoas não são capazes de senti-la nesta forma em que impulsiona. Sentem em sua forma medíocre, que quando em presença a companhia é vazia. Falo da felicidade desacompanhada, livre de laços e apegos. Sempre disposta e preparada para vislumbrar o sublime.
Mas hei que irei falar de Amor. Deste que é só entre duas pessoas. Que deixa a solidão de lado por mais que seja plena, pois sua força é bem maior. Sendo incapaz de senti-lo, restrinjo minhas palavras aqui. Meu receio é não ser poeta.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Poeta

Escultura de Drummod - Rio, Copacabana - RJ

Sentando no banco olhando o caminhar das moças estava o poeta. Suas palavras cruzavam a distância, os momentos, os lugares e o tempo e por isso chegavam até mim, que seguindo seu conselho ali estava, à conviver com meus poemas. Já faziam alguns dias desde quando eu havia penetrado surdamente no reino das palavras, mas frente a todo seu esplendor, engatinhava sob suas mil faces secretas.
Entrei algumas vezes no mar, caminhei sobre escorregadias pedras enquanto subia as montanhas, me deslumbrei com cidades vistas do alto e também com o corpo das mulheres. Estive ainda em acalentadoras conversas, oras com amigos oras comigo, sempre à observar o mistério dos símbolos. O que escrevi já não sei, já não sou. Pra onde irei já não vim. Transfigurado... nem mais homem, nem mais animal, um ser que sorri.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Olhar de estrelas

Transverse Line - Kandinsky

E tu cruzeiro do sul, por que escondestes na presença de minha amada? Por que não deixais eu mostrar o meu valor? Sim, estás ciente que o valor maior é o instante, o momento em que contemplávamos juntos toda a imensidão de estrelas nas quais tu te ofuscavas. Até tu perdeste seu valor perante as outras. Mas ambos sabemos que isso não importa.
Apesar do frio, o abraço do braço da via láctea não era vazio, era visível e compreensível. O momento era simples, um inexplicável olhar de estrelas.
Agora estás ai a me olhar, me dando coragem pra seguir viagem.

domingo, 19 de julho de 2009

Hora certa de Amar

Black Sketch - Matisse

Os homens admiram as prostitutas mas não são capazes de amá-las. Eles amam as meninas inocentes, desprotegidas e acorrentadas. As prostitutas são livres. Seus decotes aterrorizam os laços. Os homens com medo, admiram! Mas se casam e valorizam mulheres mais fracas do que eles.
Evito me preocupar com mulheres delicadas. É o mesmo que tratá-las como frágeis. Ao contrário, sei que cresceram e agora também olham o superar-se. A cada dia se transformam escalando montanhas. Digo que sigam e atinjam os céus, mas por favor, não se igualem aos homens, estão todos perdidos.
E seguindo é preciso cautela, pois seguras de si, sentem um perturbado orgulho. Não se cansam de esperar. Se organizam e crêem na hora certa de amar. Se ocupam, vencem com trabalho duro a solidão. Falham em suas emoções. Ganham o mundo e perdem o amor dos homens.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

As ondas da menina

Reclining Nude - Modigliani

As ondas da menina se misturam com as do mar. Ela se vê em olhares vagos mesmo tendo um espelho. O usa, e só arruma seus cabelos. Seu caminhar é presunçozo. Cuida bem do que será julgado e se esqueçe das paixões oriundas. Tem hora certa para o amor. Gostou de dois ou três olhares e acreditou que eram seus. Fugiu para histórias volúveis e acreditou que eram suas. Nessa mistura de ondas, às do mar me trazem paz.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

Contemplando a vida e organizando as palavras

Fall of Icarus - Matisse

E essas coisas que dizem os poetas? Seriam eles capazes de enxergar o que há de trás do sublime? Ou seriam meros contempladores da vida organizando as palavras?

É hora de encarar as transfigurações do ser
e perceber a verdadeira forma de viver
Olho para ela e vejo a arte, o vir a ser constante.
Que me envolve e me anima, movimentando meu instante.
Vou de braços dados, me envolvendo veemente.
Ela despojada de conceitos se confunde, manando toda sorridente.

E assim seguimos juntos, oscilando em harmonia.
Não levando a sério as palavras, mas sim as estrelas de cada dia.
Me dê a mão e vem conosco, valorizando a simplicidade.
Ouvindo calmo o silêncio, sob o transpor de um olhar suave.

Nem só de pensamentos essa arte deve ser mantida.
Essa obra da qual falo não é outra se não A Vida.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Menino que joga

Strahlenlinien - Kandinsky

Olha o menino que joga. Ele esquece de olhar o céu, E nessa imensidão de idéias perde a esperança de si mesmo. Ele conversa, sorri e chora, em conflito com as coisas importantes. Esta lutando, mas não sabe em que batalha. Quer vencer os outros, mas os outros são fortes e por isso não supera a si mesmo. Brincando com sua juventude ele explora seu corpo. Deixando-o sem limites.
Menino, joga o olhar no espelho e desnuda essa cara aborrecida. Olha como cresceu e começou a se dar bem com a vida.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Eu harmônico

In the Black Circle - Kandinsky

As conturbações das emoções são mesmo incompreensíveis. Somos incapazes de processar tantas informações que nos chegam pelos sentidos e o resultado é esta descomunal transformação de estados a qual estamos propensos a todo momento. A linguagem é restritiva e a alegria que tive ontem não é a mesma de hoje, mesmo sendo ambas alegria. E estranho era a tristeza reconfortante que me acalentava. Nosso Eu se intercala entre pensamentos deprimentes e aconchegantes. Quanto menos conheço o mecanismo, mais distante estou daquilo que seria o meu Eu Harmônico. Saio de casa, murmuro no vazio e vejo alguns olhares... me recomponho.

domingo, 12 de julho de 2009

Mudemos nossos valores

Nude with Oranges - Matisse

Considere uma sociedade que valoriza aqueles que vencem os outros e despreza aquele que se inventa e supera a si mesmo. Considere a falta de sensibilidade das mulheres e o papel conturbado do homem. Observe a educação medíocre que monta essa sociedade e esse homem vencedor. Pense ainda na promessa de vida plena e no medo de enxergar a felicidade em coisas simples. Então você se pergunta, há esperança? e Eu digo se acredita que Não, então você está morto. Dessa forma, não havendo esperança, o homem pequeno sempre existirá.

sábado, 11 de julho de 2009

Equação do relacionamento

Dance II (1909/10) - Matisse

Nesta minha propensão de tentar conhecer os mecanismos intrínsecos do relacionamento, vejo que cada vez mais vou conseguindo ter um raciocínio mais concreto do que talvez constitua minha ideologia de laços
afetivos. Quando me refiro a essa ideologia não estou traçando propriedades para um "par ideal" mas sim organizando o que seria a estrutura de idéias que me levam a distinguir cada qual. É necessário conhecer o mecanismo por mais que seja complexo pois "só os lutadores podem amar".
A maioria dos casais são formados por partes complementares, que na forma de equação seria como 1 + (-1) = 0, ou seja uma pessoa é 1 e a outra é o complemento dela, sendo igual a -1. Unidas se estabilizam em zero, ou seja acaba por ser um relacionamento neutro sem o "quê" de loucura que o amor propicia. Só assim dão certo, enquanto um reclama o outro escuta. Essa equação está errada, pois esse conceito de complemento é ilusório e infeliz. O correto é 1 + 1 = 2, tudo positivo. Ambas pessoas em harmonia consigo mesmas. Note que até mesmo alguém estando sozinho ainda pode ser positivo, pois 1 + 0 = 1 (Gostei da analogia das equações, parece coerente). Transforme-se em 1 deixe de ser -1 e quando então estiver transformado, resulte em 2.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Como é que se diz eu te amo

Upwards - kandinsky

Eu neste meu silêncio comunico sem palavras. São poucos os que entendem e dão atenção aos gestos, sem a necessidade de apenas se satisfazerem com o código da linguagem. Valorizar as palavras mais do que as atitudes é o mesmo que projetar algo além de si mesmo. Escolhemos o "Eu te amo" como o melhor findar e não observamos as transformações eloqüentes que o idealismo não é capaz de suportar.

domingo, 5 de julho de 2009

Apenas saiba escutar a música



Achei muito criativa a mensagem deste vídeo (gravado na Festa Literária Internacional de Paraty) que de uma maneira bem simples e perspicaz pôde transcrever esse instante mágico que faz parte da dança.

Alguém surge e lhe estende a mão. Os olhares são mais expressivos que as
palavras e os gestos são singelos. Saber escutar é sentir a música. É saber ouvir o momento e o movimento do corpo que se tornam naturais. São assim como o calor das mãos brandas unidas e das lembranças que ficaram para trás. Na distração nunca estamos presentes, mas com a dança isso é diferente. Pois quem é capaz de pensar no que se foi e no que está distante, se o que te move é pensar neste instante?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A Alegria de Viver

Joy of Life - Matisse

Outro dia tive mais um destes sonhos estranhos. Já faz um certo tempo, porém foi bem marcante para algumas questões reflexivas. Sonhei que estava morto e que caminhava ao lado de uma bela garota, ao meu ver ela era a própria morte. O local onde caminhávamos não se parecia com nada do que imaginamos ser o paraíso ou o inferno, era um simples jardim. Não haviam outras pessoas conosco e íamos em direção ao pôr do sol enquanto conversávamos. Eu, aproveitando desse "tão esperado" momento, fiquei muito empolagado com a oportunidade de sanar algumas inquietudes e comecei questionar a garota sobre as principais questões que perturbam qualquer ser humano - Para onde vou agora? De onde eu vim? Somos seres incompletos? Existe uma Verdade a qual buscamos? - Não me lembro detalhantamente as respostas que obtive, mas por incrível que pareça ela revelava somente as coisas das quais eu mesmo havia pensado em vida. Foi então que no próprio sonho eu pensei - Se eu estou sonhando e somente a percepção que tenho do mundo é conhecida, nada além disso poderia fazer parte do meu entendimento - então me dei conta que a mente da morte era a minha. Acordei frustrado.
Apesar dessas perguntas serem de extrema importância, consigo conviver muito bem sem suas respostas, e uma vez que não podemos ter conhecimento daquilo que excede os limites da nossa realidade, creio que devemos olhar para o mundo, com um olhar de criança. Agindo sem medo de ser feliz e contemplando essa imensa alegria que é a de viver.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Transportando a percepção

Yellow, Red and Blue - Kandinsky

Quando somos criança, temos sempre aquelas fantasias de possuir super poderes como de ter a capacidade de voar, mover objetos ou ainda ser invisível. Pouco tempo atrás (no qual eu já não era mais criança) pensava em ter um poder de ser "super-informado". Dessa forma, em uma roda de amigos, eu poderia impressionar à todos (preferencialmente as garotas) com meus conhecimentos. Poderia discutir sobre diversos assuntos e me envolver em qualquer conversa, sem aquela obrigação de dizer que "Está frio hoje!" e também poderia interromper aquele silêncio incômodo que somente entre estranhos é percebido (pois ao lado de quem te traz paz ele é sereno). Acontece que de uns tempos pra cá perdi o interesse por esse poder (apesar da tentiva de aprender diversas coisas), pois estou evitando conversas, agora me interesso em ter a capacidade de remontar mentalmente minha percepção para fora do contexto onde estou e ficar por um tempo nesse meu mundo .

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Solidão da Alma

The French Window at Nice - Matisse

Hoje a solidão tem um peso maior mesmo eu tendo pessoas ao meu lado. Solidão essa inexplicável, que me conduz ao vazio em mim mesmo. Existirá solidão da alma? onde as questões de espaço e tempo não têm sentido? Pois não seria a diferença entre a solidão (essa que conhecemos) e uma companhia apenas o intervalo de tempo entre um momento e outro?
Note que nem o espaço necessita ser considerado, pois podemos estar em um mesmo lugar acompanhados ou não, porém com dois instantes distintos. E quando esta questão de tempo é desprezível? existirá a solidão por si mesma, sem a necessidade de ser a falta de alguém?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A impressão de mim mesmo

Squares with Concentric Circles - Kandinsky

Apesar da plenitude que a solidão oferece, se relacionar bem com uma pessoa, para alguns casos, pode ser fundamental para a felicidade. Uma das grandes vilãs do afeto mútuo entre os amantes são as impressões.
As impressões são aquelas suposições ou até mesmo conclusões precipitadas que temos e reagimos em função delas, ao observar fatos e tentar relacioná-los. Ao meu ver elas ocorrem em função de dois caráteres, com pessoas que pensam demais no relacionamento e com pessoas que não pensam. Como é de se esperar, a ponderação entre os dois extremos é ideal, uma vez que tanto pensar muito quanto não pensar pode ser confuso.

As impressões são de certa forma serenadas quando os comportamentos dos enamorados são regidos pelo princípio de naturalidade, onde ambos se conhecem bem e não vêm maldades nas atitudes do outro.

sábado, 27 de junho de 2009

A plenitude da solidão

Blue Nude - Matisse

Conversando comigo me perguntei - De onde vêm suas palavras? Que máquina ou ser incognoscível te impulsiona a proferi-las? Se elas sempre estiveram com você por que só agora às revelam? - Sob uma perspectiva mais sistemática eu diria que são questões complexas e que devem ser deixadas de lado, mas observando meu íntimo, digo que a grande causadora é a solidão.
A solidão é sempre vista como sinônimo de tristeza, mas vivenciando-a tenho outra perspectiva. Ela impulsiona. Quem contar minha história dirá que fui mal amado e que não tive outra escolha, mas como eu mesmo posso contá-la, digo que tive (e terei) grandes amores, porém não por isso, vou deixar de "amar a nossa falta mesma de amor". Acho correto pensar que só serei feliz com alguém, quando for feliz comigo mesmo e como ser feliz consigo mesmo sem aprender a conviver com a solidão?
Aliada ao perfecionismo e
à expectativa de afeto, a inspiração para a escrita surge como o vento, sem origem certa mas perceptível ao comprazer da pele.

O grito eloquente dos sentimentos

Music (1939) - Matisse

No silêncio do meu quarto, bem pertinho de mim, tem uma música sussurrando em meus ouvidos e me ajudando com essas palavras.
Fico grato à minha educação musical. Apesar de ter sido incômoda no princípio de aprendizagem, tanto no que diz respeito as habilidades quanto à motivação. Hoje ela favorece ao romantismo e ao grito eloqüente dos sentimentos perante o silêncio.
A música é assim em mim, quando canto (por mais que seja sozinho) estou narrando uma história, e quando a letra favorece, a intensidade das palavras me conduzem à, até então, inexplicáveis lembranças.
Agora elas fazem sentido.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Água parada

Rest - Picasso

Me sentindo como uma água em um vaso de flor, propícia ao mosquito da dengue, procurei fazer com que algumas gotas caíssem sobre mim e me movimentasse. Pudesse ser um pouco de areia, pois ela no corpo incomoda.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Introdução a mudanças

Weiches Hart - Kandinsky

O tema mudança permeia diversos momentos de minha história existencial, não que esse seja tão surpreendente a ponto de não ser comum à todos que vivem, mas sempre que me remeto a escrever algo sobre mim, a mudança está sempre presente.
A princípio elas sempre me assustam, me atraem pela novidade e me despertam receios pelo inesperado. Procuro às encarar como oportunidades. Oportunidade de sair da rotina, de me produzir movimento, de perturbar o espaço e deslocar a luz das estrelas. Mudanças são assim, o primeiro desafio é não temê-las, é considerar-se forte e não ter a ilusão de não tê-las.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Lendo seu corpo

Nu Allonge - Matisse

Lendo as páginas do seu corpo, contemplo seus movimentos e escrevo um discurso astucioso em sua pele. Erros são inadmissíveis, por isso o olhar é atento ao deslizar dos dedos. No desvio dos olhos, espio as pétalas vermelhas da rosa pluriaberta de Drummond e comungo dessa volúpia. Ao seu bel prazer te mostras obediência e cumpre com sua natureza expondo-se. Na compenetração da escrita brinco com as palavras unindo-as com esmero. Admirável mundo das letras.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Felicidade e o Auto-conhecimento

Verde sólido - Kandinsky

Tenho acompanhado os vídeos com as palestras de Flávio Gikovate e acredito que meus posts serão bastante influenciados por elas, ainda mais por que suas observações contribuem de forma significativa às reflexões e preocupações que me ocupam.
O primeiro vídeo que assisti tinha como tema "A Felicidade depende do Auto-conhecimento" e como sugere o título, o prof. traz suas observações quanto a capacidade do ser humano de se auto-conhecer e o quanto isso é fundamental para viver feliz em diversos aspectos da vida, como no amor e nas atividades que desenvolve.
Pra mim, o simples fato de encontrar seu trabalho já é motivo de alegria. E se estiverem dispostos a ver, entenderão que essa alegria é sobre mim mesmo e minhas faculdades.


A transição entre a realidade e o sonho

Still Life with Geraniums - Matisse

Hoje acordei cedo e posso dizer que já progredi. Apesar de preferir o horário dos felinos, as vezes as obrigações me chamam à acordar cedo. Sempre fico com remorso de perder o sol das 8:00, e sei o quanto é aprazível uma caminhada nesse horário, mas conheço minha natureza. Percebi que os melhores pensamentos surgem depois da meia-noite.
Há aqueles que surgem quando a mente está em seu momento de transição com os sonhos, esses sempre são interessantes, pois nesse momento estamos em um mundo paralelo e não distinguimos a realidade das fantasias. Acredito que é a melhor oportunidade de controlar nossa cegueira intelectual
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domingo, 21 de junho de 2009

A arte de conversar e de representar o movimento

Icarus - Matisse

Na tentativa de me iniciar em um novo hobby fui até a Estação Ferroviária buscar uma paisagem para a primeira pintura. Mesmo achando que escolhi algo complexo (Monumento arquitetônico) consegui cumprir com a primeira etapa de fazer um esboço do que irei pintar.
Me vejo sem capacidade de arriscar uns desenhos abstratos (como Matisse acima), mas assim que as habilidades forem favoráveis, um turbilhão de idéias, que esperam ansiosas serem representadas, poderão adquirir formas e cores. Uma delas, é ter a capacidade de representar o movimento e os fatores implícitos que favoreceram a concepção da obra. Hoje mesmo na Estação, aquele som penetrante do apito do trem merecia constar na pintura, assim como as conversas simples e olhares curiosos.

Nota: havia um encontro de Ferreomodelismo e eu soube que o que puxa os trens é a eletricidade nos trilhos e não a mini-locomotiva.
O último trem com passageiros de São Carlos foi em 16 março de 2001.