terça-feira, 25 de agosto de 2009

Me Confundo com o Vento

Nascer do Sol - São Francisco do Sul - SC (05/01/09 - by Jo)

Chamei de medo aquele muito pensar, ou aquele aceitar faz de contas que em meio ao tudo gira faz parar. Calei o silêncio eloqüente cantando para o sol enquanto acariciava cada fio iluminado. Quis ser como o vento encantando o topo das árvores e afagando suave o rosto da menina. Mas fui como a música, despida de receios, esperando o fustigar ao ser tocada. Era eu quem embalava os corpos sedentos, fartando o violão ao dedilhar daquelas notas e saciando a sede de um molhado beijo tácito.

Não falei de fraquesas, porém quão grande a surpresa
ao perceber segurança no olhar.
Cativante era a singeleza que por não falar de tristeza
abriu no instante um sorriso.
Lembrei do paraíso, que do instante faz seu piso
e das sensações o eternizar
.
Quis ficar mais um pouco, me deixando ainda mais louco,
mas o retornar era preciso.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

As Ondas e o Castelo

Praia de Copacabana - Rio de Janeiro, RJ (18/07/09)

Arrojei obesas lembranças, mas coloquei em ordem a descrição do que senti. Preferi, e foi mais fácil, falar de outrem, não sendo capaz de falar de mim. Invejei as crianças e seus castelos, pois não têm medo das ondas que estão por vir. Não se preocupam com a labuta em dias de sol mas se ocupam, entorpecendo-se de fantasias. E se no fim da tarde as ondas não virem, põem à baixo o que será a conquista de um novo dia. É sutil a segurança em um mar desconhecido. É assim como o balanço de cegos desejos ou a correnteza te levando comigo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sondando os Dons

Centro Cultural e Educacional Kaffehuset Frielle - Rod. Poços de Caldas - Palmeiral Km 12 (24/07/09)

Que cores são aquelas detrás dos bambus? Será um pote de ouro no fim do arco-íris? Mas olha, tem anjos brincando também! São eles quem pintam as cores. Mas nem todos fazem isso, outros cantam e fazem sons, cada qual sondando seu dom. Não usam as asas mas eles correm, e como eles correm! espalham sorrisos e pisam descalços o chão.
Alguém está contando uma história e não é só as palavras do livro que ela lê, ela percorre cada olhar e no brilho de cada um ela se vê. Declamou um bocado de sonhos, fez de cada pausa um eterno acalento. Sorriu ao terminar seu prestar-se. Não reclamou nada por isso.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Olhar sincero

Duke - Pouso Alegre - MG (21/07/09)

Recolho fulgores de olhares desatentos. Aqueles do primeiro encontro, que livres de qualquer conceito não se apegam às incertezas. Assumem como teto a mágica do acaso e faz das transformações da vida seu princípio. Alguns têm brilhos tão intensos que sou capaz de me enxergar e tão próximos à mim os trato com cautela. Já outros são inseguros, pois não prendem os meus.
Discrimino os fulgores que oscilam. Não sabendo o que querem, deixam como obrigação dos outros a arte de compreendê-los. Acham que tudo é certo até mudarem de opinião.
Percebendo-os, um a um, onde está o mais vivo? aquele que se assemelha à uma chama? (desenhado assim, semelhante ao Amor de Vinicius).

Quem dera eternizar esse brilho e não mais se preocupar. Resplendecê-lo em momentos confusos.

Aguardando as Palavras

Abscissa poética (Poesias de Drummond declamadas) - Praça Pedro Sanches, Poços de Caldas - MG (24/07/09)

Já me perguntaram, e já me questionei, se eu escolhi e estou no "caminho certo" de minha carreira. Dizem que Computação não tem muito haver comigo e que meus olhos brilham quando falo de Filosofia. Que tenho facilidade com as palavras e que já é hora de eu escrever um livro. Conhecendo meus limites, sei que tenho muito o que aprender neste mundo das letras e que não é tão simples assim escrever um texto claro. Tudo bem que meu contato com esses novos conhecimentos tenha se intensificado nesse último ano e que o simples prazer já é motivação de aperfeiçoamento, mas ainda penso que usufruo dessa habilidade como forma de equilíbrio.
Como não tendo TV, tenho que me ocupar com outras coisas (não pense que é fazendo filhos) e já que fico muito envolvido nesse raciocínio mais 'exato' (e incerto), busco alternativas de fuga. Uma dessas alternativas são as letras. Não às uso só na escrita, por que é mais gostoso ler do que escrever e aprimorando este aspecto me vem a faculdade de sentir, pois pra mim não é preciso apenas saber organizar as palavras, mas sim ter sensibilidade pra lê-las.
Uso a razão como forma de me propiciar prazer. É ela quem sistematiza, planeja, gerencia e analisa mas é só pelas sensações que vivo.

Veio a noite, a lua e as estrelas
E eu, aguardando as palavras
Idéias eram sem fim,
mas as sensações eram rasas

Saí e olhei pro céu
E encontrei a mais brilhante
Li que era Eu
E senti o carinho das restantes

Foi então que as palavras chegaram...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Teatro dos Valores Distorcidos

Lagoa Rodrigo de Freitas - Rio de Janeiro - RJ (17/07/09)

Não tenho TV. Deixei de lado aquelas sombras cujos reflexos são meras fantasias. Divagam a realidade que existe fora da caverna.
Meu olhar desconsidera esse teatro de valores distorcidos. Munidos de palavras confusas e emoções vazias querem fazer do dia-a-dia um roteiro de sensações, me afastando das coisas simples e da poesia. Me prende ao que não é o bastante, eleva minhas frustrações e rouba o diálogo dos olhos sobre a mesa. Não escuta o choro pueril adormecido mesmo ao reivindicar do silêncio sob o tocar dos lábios. É mais envolvente que o frio cálido ao cair da noite, lhe toma a atenção e lhe tira o instante.
Parei de assistir e comecei a dançar, a ouvir e a cheirar. Principiei ao gosto da natureza,
ao coro do vento nas árvores e as cores do bater de asas das borboletas. Respirei fundo e bebi as pedras, não contente toquei a água.
Vendo a vida, pude encontrar sem receio outros olhares, outras conversas e outros pensamentos. Tenho e-mail e discuto gerenciamento de projetos, só assim me levam a sério.

domingo, 2 de agosto de 2009

Solidão e Amor

Espetáculo "A Dança" - Teatro da Urca, Poços de Caldas - MG (25/07/2009)

Hoje falo da solidão e de sua plenitude. De seus peculiares momentos e sensações. Dos prazeres e desprazeres que somente ela oferece. Duas pessoas não são capazes de senti-la nesta forma em que impulsiona. Sentem em sua forma medíocre, que quando em presença a companhia é vazia. Falo da felicidade desacompanhada, livre de laços e apegos. Sempre disposta e preparada para vislumbrar o sublime.
Mas hei que irei falar de Amor. Deste que é só entre duas pessoas. Que deixa a solidão de lado por mais que seja plena, pois sua força é bem maior. Sendo incapaz de senti-lo, restrinjo minhas palavras aqui. Meu receio é não ser poeta.