domingo, 25 de janeiro de 2015

Carta aos apóstrofos

Praia Jabaquara - Paraty - RJ (26/12/2014)

Quase sempre,
depois de um espetáculo artístico enternecedor
me sinto desordenado.
Pois o farol que ilumina cada pensamento consciente
sustenta-se agora por um ser dançante.
É difícil o discernimento das cores iluminadas
que chegam ao meu juízo
mas, desprezá-las é como abrir mão de uma prece.
Ora pois,
na angústia eu procuro a arte e não Deus.
O que me resta
é rogar por mais vontade
e numa espécie de luta,
galgar por entre abismos de sensações.
Assim, contemplo.
Um gemido corre pelas minhas veias
e o que recolho é uma mistura de impotência disfarçada de deleite,
alguns clichês e dois ou três sentimentos sem nome.
Inúteis, necessários.
Falar de certo e errado
equivale a julgar seus amores
e um a um dar-lhes fim.
Cheiros e suspiros
não precisam de verdades.
Que desprezar o corpo
se torne pecado.