domingo, 25 de janeiro de 2015

Carta aos apóstrofos

Praia Jabaquara - Paraty - RJ (26/12/2014)

Quase sempre,
depois de um espetáculo artístico enternecedor
me sinto desordenado.
Pois o farol que ilumina cada pensamento consciente
sustenta-se agora por um ser dançante.
É difícil o discernimento das cores iluminadas
que chegam ao meu juízo
mas, desprezá-las é como abrir mão de uma prece.
Ora pois,
na angústia eu procuro a arte e não Deus.
O que me resta
é rogar por mais vontade
e numa espécie de luta,
galgar por entre abismos de sensações.
Assim, contemplo.
Um gemido corre pelas minhas veias
e o que recolho é uma mistura de impotência disfarçada de deleite,
alguns clichês e dois ou três sentimentos sem nome.
Inúteis, necessários.
Falar de certo e errado
equivale a julgar seus amores
e um a um dar-lhes fim.
Cheiros e suspiros
não precisam de verdades.
Que desprezar o corpo
se torne pecado.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Filósofo Truncado

L'Escargot - Matisse (1953)
Já haviam passado algumas primaveras até o momento em que percebi meus conflitos se tornarem verdadeiros abismos. Não eram mais reflexões pautadas em ideias simples, sem valores. Tão pouco preocupações levianas acompanhadas de projeções de uma realidade fútil, dessas que surgem em tardes entediantes de domingo. Mas sim, inquietações existenciais afigurando-se à poeiras cósmicas. Fragmentos do saber aglutinando-se na tentativa de gerar uma estrela, ou uma ideia.
No desdobrar sobre si mesmo, questiono: Por que me tornei assim? Inacabado, truncado, me perdendo noite adentro no vazio de lacunas. Montando e remontando filamentos do que um dia senti ou fui. Também me pergunto como vivem os Filósofos da Vida, sem ter claro seus princípios do que é viver.
Pois bem, faltam-me palavras.





segunda-feira, 3 de março de 2014

Sobre o vazio.

Study of Nude, Henri Matisse (1899) - Bridgestone Museum of Art, Tokyo

Ás quero todas.
Seus corpos, suas palavras, seus valores...

Seguro de incertezas, penso que amo.
Me equilibrando entre abismos e definições.

E são tantos olhares, tantos mistérios,
quanto infinitos paraísos.