segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Galáxia Internet

Observatório - São Carlos - SP

Tinha em mente a distância e o sentimento que sufoca quando fez prover aos dedos a noção de uma palavra. E a palavra se fez sinais, luz e depois sinais.
Em meio tempo era outro espaço, outro corpo, mas o sentimento era idêntico e os sinais tornaram-se a palavra.
Eis que então riam pra ela e caçoavam a linguagem, indagando: Que símbolo és tu dentro do meu peito? Hei de existir somente a dois.
E baldados por emoções intransitivas ao meio, enfrentavam o superar-se. Suspirando euforias num findar de anseios.
Não cultivavam verdades, evitando os perigos em palavras restritas, mas exaltavam as singelas sensações em momentos de carícias.
Determinante era a esperança ao resplandecer dos olhos, que sussurrando sonhos brilhavam. Conectados em coragem.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Usurpadora de Emoções

Apresentação Grupo Mawaca - Virada Cultural, Araraquara - SP (17/05/2009)

Ela tem promessa mútua com os deveres e o tempo. Explora seus talentos volúveis e em troca são impelidos cada desejo. Ele é um dançarino girando a poesia em seus braços. Recolhe bem cedo os suspiros e dorme sonhando com os fatos.
Ela, borbulhando em devaneios se vê encantada. Usurpa as emoções achando que são suas e agarrada em seu peito acredita que são seus. Ele cede, exalta cada sentimento, inclusive os jogados no chão.
Vazia, volta pra casa com bem menos do que foi. Se enche de utopias e de mais promessas pensando como é simples se recompor.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Amores de Inverno

Sobre o céu do Paraná (11/09/09)

Amores de verão são desses que vêm e vão e quando em vão, não deixam nada. Passam assim de rasteira, como noites de bebedeira, repletos de "talvez" e "não". Inundam de palavras o instante, quem dera fôsseis penetrantes, mas rasas só afundam o silêncio. Amores assim, são cheios de puerícia, não instigam se quer uma carícia e sob evasão, cede seu prestar-se.
E as almas coitadas, saem todas desgastadas. Por não falarem de sonhos já nem brilham. Repudiam as cores da tarde e as estrelas que caem.
Quero mesmo é um amor de inverno, quentinho, leve e terno, embaixo do cobertor. Que sorrindo, cochila em meus braços e sua nuca envolvida num laço, aos beijos é favorável. Com esse serei cuidadoso, romântico e também carinhoso, ao sondar de cada suspiro. E conversando no vão sem tempo, sonolento mas ainda atento, adormeço, pois estais comigo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sentimento Sem Nome

Balancement - Kandinsky

E quando surge este sentimento sem nome? Que aproveitando do meu vir a ser, se esgueira por detrás da tarde e toca a estrutura feita de cada parte desse seu jeito. Anônimo, se encosta no meu peito e susurra pensamentos incômodos. Nem a solidão, que é plena, consegue distinguí-lo. Clama uma mão estendida e pede auxílio às carícias.

Já o chamei de saudade
medo e até mesmo solidão
porém, não me deu atenção
e despresou o que mediquei.

Agora, vou lhe observando de lado
no escuro, um pouco afastado
conversando com os demais
e me informando sobre sua sina.

Então, lhe atacarei veemente
num dia claro
lhe olhando de frente
mas sei, retornarás ainda.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Arte de Conversar

Cachoeira das Almas, Floresta da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ (19/07/09)

Cada pensamento é um símbolo e cada símbolo é um som, uma flecha ou uma carícia. Quando vacilam no espaço multiplicam anseios e quando sopram, galgadando montanhas, esculpem pedras maltratadas, polindo nelas parcas formas de esperança.
Fogosas ao céu da boca as palavras iluminam dez enganos, um motivo pelo qual acende vontades com potência. Mas nem tudo deve ser dito, quem contempla o som deve estar preparado, pois ora entende os segredos, ora o lugar não tem o tempo certo. Prudente, guardarás na ponta da língua cada desejo, e então os encaixarás como desígnos no espaço.
Ao declarar seus pensamentos o ser transfigurado sorri, balbuciando persuasivos gestos simples. Sem mais nem menos se seduz em proporções. Não faz nenhum esforço.