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Le Lanceur De Couteaux - Henri Matisse (1943) |
A menina encarou o enfrentar-se pedindo dois copos de júbilo efêmero. Chegar à constância era tão simples e mesmo assim ela não entendia por que o abismo sempre continuava olhando-a na manhã seguinte. Ao chegar no banheiro, o espelho apontou por onde começar enquanto ela ajeitava seus cabelos. Descuidou-se e chorou por uns instantes.
Noite à dentro flertou com o vazio, mas seus amigos estavam lá para protegê-la, levando-a para pensamentos tão sublimes quanto distantes, breves. E era somente no dançar que a voz surgia e a menina percebia que um sentimento estranho sincronizava com seu ritmo. Porém, descuidou-se novamente.
Num subterfúgio, apaixonou-se loucamente pela liberdade que conquistara, valorizando tudo o que lhe tira de seu eu e da clareza de suas fraquezas. Penso comigo que desse mar não surge estrelas e o que resta é só o fosco brilho das sombras projetadas em uma calmaria de domingo.
Mas se ela se superar e aceitar o caos que existe em nós, começará a entender o vento nas copas. E a partir de então, confrontará o desafio, pois quando estiver gozando símbolos e contemplando abraços em noites frias o demônio lhe surgirá como num sonho, perguntando:
- Serás capaz de viver sem isso?
E olhando o desgaste de cada símbolo, de cada palavra e de cada sinal deixado na areia a verdade lhe repousará e todos seus valores sucumbirão na alma. Coragem! Grita o demônio que ainda a contempla, porque nada é para sempre e a faca que separa os laços é suave.
Então, quando o sabor dessa tragédia adoçar seu ritmo, deseje tudo de novo.
Só assim perdurará seu sorriso.
2 comentários:
Very Good
Thanks =)
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