domingo, 20 de novembro de 2011

Monólogo Sobre o Amor

The Garden of Love (Improvisation Number 27), 1912 - Kandinsky

Desde Gabriela o amor vive me pregando peças. Chega me prometendo o céu e depois me tira o chão.
Ai! Como eu me via naquele olhar. Era a primeira vez que eu esbarrava naqueles mistérios. Que as palavras eram mudas e o silêncio, reconfortante.
Me parece inocência quando lembro do medo e das incertezas de um futuro tão imenso. Do contrário, haviam duendes e fadas, pois nesse tempo a magia era forte.
E foi então que questionei o amor e na sua ausência de sentido começou a se vingar de mim por tal feito.
Eu que via tanta coisa errada no modelo convencional de laços, achava que era capaz de lutar contra ele e mostrar que não precisa ser assim. Tudo bem, não quero ceder meu olhar e enxergar da maneira como os outros vêm, mas eis o desafio, como descobrir ou explicar meu olhar?
Em poucas palavras o que penso é:
Os relacionamentos deviam perdurar começos.
Não devíamos nos preocupar em estar com alguém.
A experiência que obtemos em todas as habilidades que podemos desenvolver tem valor maior do que qualquer pessoa. 
Viemos sozinhos ao mundo e sozinhos retornaremos.
A vida é única e não devemos esperar nada além desta.
Quando pais, devemos criar nossos filhos para serem independentes. Devem conhecer a solidão e a complexidade dos laços desde cedo.

Agora misture todas em um único pensamento.

Estrada para a represa Broa - São Carlos, SP

Todo começo é bom por que tem mistérios. Temos aquelas leves impressões e procuramos saciá-las. Nessa fase tudo é tolerável, nenhuma felicidade depende da outra e a segurança de ambos é como uma áurea cintilante. Com Gabriela foi assim e por isso eu penso que foi o laço mais pleno. O medo nos separou. Pois ainda éramos jovens de mais para amar.

Então me isolei e continuei refletindo até chegar Mariana. Ela me mostrou um amor maduro e me fez rir das inquietações de um adolescente. Com ela não tinha horários nem permissões. As escolhas partiam só de nós dois. Interessante não é? Isso segue meus princípios de não ter que dar satisfação à mais ninguém além de sua companhia. Não sei por que não me deixei cativar. Na verdade, nem pensei muito nisso... e mais uma vez estava só.

Foi então que comecei a dançar. O amor que oscila deve seguir algum ritmo, quem sabe aprendo seus passos, pensava comigo. E dançando conheci Emanuelle que estranhava meus pensamentos. Quis me curar, mostrar que as coisas são simples e que basta o deixar-se levar. Mas sabe qual é uma das principais  confusões que as pessoas fazem? Acham que precisam preencher um certo vazio. Que somos metade e que só existe prazer a dois. Então você vai me dizer que isso faz parte da natureza? Vai  citar Schopenhauer referindo-se ao nosso intuito de perpetuar a espécie? Que quando olhamos para o outro gênero estamos induzindo nossa prole? Pois bem, nossa espécie não é a única e nem a mais sábia delas. Tanto que nem seremos capazes de destruir a terra, mas sim nossa própria espécie. Por que em alguns milhões de anos a terra estará novinha em folha, desde que não exista pragas com forças contrárias ao meio.

Bosque dos Jequitibás - Campinas, SP
Bom, com Emanuelle também não deu certo... E depois disso até tentei evitar um novo laço. Mas, Hosana surgiu e mesmo eu dizendo, "não goste de mim" (achando que poderia funcionar), "o fim" não deixou de ser trágico. Inclusive tenho problemas com isso. Tenho algumas atitudes equivocadas devido a uma certa expectativa de ser mais claro. Infelizmente ainda não somos capazes de nos comunicar usando sinais de pensamento. Eu imagino que essa lacuna são como aqueles sentimentos sem nome. Sabe? Daqueles que surgem do nada mesmo sem ser em tardes de domingo. Não temos ainda condições de explicá-los mas é sim, sentimento sem nome, ou vai me dizer que você é capaz de nomear todos? Tem certeza que só existe triste, contente, confuso e saudade? O que você acha? as palavras são um limite ou não são?
E voltando a falar de Hosana... Com ela descobri um prazer jubilatório se esgueirado em minhas fraquezas.  Nas dificuldades, pensava sobre a aguces que a sensibilidade desperta nos olhares, pois sem ela há certas coisas que nunca poderemos enxergar ou compreender. Tornemo-nos duros mas nunca insensíveis.

Relacionei os valores que temos com aquela necessidade de "achar a tampa da panela" e pensei. Bom, já que é pra buscar alguém (algo que não concordo) por onde devo andar? Num bar? ou olhando em latas de lixo? Quem tem mais valor?

(Será que aqui tem pessoas interessantes?) 
Missionários do Blues - SESC in Blues, Ribeirão Preto - SP
(Ou essa opção é melhor?)
Tusca 2010 - São Carlos, SP
Me parece só uma questão de valores os lugares que frequentamos.

Continua...

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