domingo, 14 de novembro de 2010

Sobre o tempo de aprender

Bodegas y Viñedos Familia Cecchin - Mendoza - Argentina (08/07/10)

Ontem à noite, enquanto apreciava um vinho ao som de Romaria (letra de Renato Teixeira), fui tomado por algumas reflexões...

Lembrei-me de uma situação, mas todo o período também me veio à tona, em que num dia qualquer eu estava trabalhando na Zona Azul (em Poços não é parquímetro) e um coordenador da área veio até a quadra onde eu estava verificar se estava tudo correto, ou seja, estava exercendo sua função. Nós fiscais da Zona Azul éramos responsáveis por colocar (vender) os cartões de estacionamento nas principais ruas do centro da cidade e os coordenadores responsáveis por nos orientar, acompanhar nosso trabalho.

Foi uma fase muito interessante pra mim, mas dessa vez vou me atentar ao fato. O coordenador ali presente, que partilhava sua prosa, já era uma pessoa de grande cultura e me presenteava com histórias reflexivas tão aprazíveis (até coloquei uma nesse estilo ao final do texto). Eu apesar de meus limites, às ouvia com toda a atenção. E é justamente sobre esses limites que quero me referir nesse texto.

Enquanto me falava sobre o quanto gostava de Elis Regina, o coordenador mencionava a grande habilidade da cantora ao gravar seus discos, sempre com poucos ou nenhum erro durante o processo de gravação e brincando, dizia que os grupos de pagodes atuais (naquela época) deveriam gravar pelo menos umas dez vezes para ficar tão perfeito quanto Elis.

Eu estava longe de entender essa perfeição ao qual falava e para mim, as músicas eram todas iguais. Músicas boas são as que tocam em todos lugares, que fazem sucesso. Belo engano. O que é tangível ao gosto se salienta na posteridade.

Sempre que descubro uma forma de pensar e na medida em que o tempo passa as idéias vão ficando mais claras, tornando-se maduras, um contentamento me invade. Penso que para a música popular brasileira ter chegado até mim teve seu tempo (cerca de uns seis anos). Sendo esse necessário ou não, vejo o agora.

É assim a vida? Pois bem, outra vez.

Um velho homem sábio pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.

_ "Qual é o gosto?" perguntou o velho homem sábio.
_ "Ruim" disse o aprendiz.

O homem, então, sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:

_ "Beba um pouco dessa água".

Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o homem perguntou:

_ "Qual é o gosto?"
_ "Bom!" disse o rapaz.
_ "Você sente o gosto do sal?" perguntou o velho.
_ "Não" disse o jovem.

O homem então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:

_ "A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então, quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas.
Deixe de ser um copo. Torne-se um lago..."

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